quinta-feira, agosto 09, 2007

Convite II ou



Pra dar um chega pra lá no tédio, Eucanaã Ferraz fez uma
bela antologia, chamada Veneno Antimonotonia, onde “desde
o início, a palavra poemas nomeia igualmente os versos
escritos para o livro e aqueles feitos para a canção”.
É de lá que retomo este convite para namoros possíveis
entre poesia e música, começando por aquela inspira
o título do livro.

“Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós dois, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno anti-monotonia...

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...”

(Todo amor que houve nessa vida
Cazuza e Frejat)

Cantando os quintanares de Mário...

“Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.”

(Emergência,
Mário Quintana)

Sorvendo Vinícius

“De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando.”

(Poética
Vinicius de Moraes)

Fechando as páginas do livro, outros
se 'aprochegam'. É o caso de Moska...

“Sim,
Tudo agora está no seu lugar.
O universo até parece conspirar
Pra que não seja em vão
Tanto tempo esperando esse amor.

Sim,
Parece até que nada em nós mudou.
Tanta coisa a gente inventou
Pra chegar afinal onde sempre
Eu te quis ver chegar.
Paixões que eu vivi como se fossem uma.
A tua espera sempre foi assim,
Contratos feitos com o tempo.

Amores são sempre possíveis sim.

Sim... (volta ao início)”
(Amores possíveis
Paulinho Moska)

...e Chico.

“Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo
Da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar
E urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo o sentimento
E bota no corpo uma outra vez

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente
Doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu”

(Todo o sentimento
Chico Buarque)